Iniciativa ofertará duas mil vagas para qualificação de mulheres em vulnerabilidade social
O Instituto Federal de Mato Grosso lançará, no dia 4 de fevereiro, em Vila Bela da Santíssima Trindade, o projeto de extensão Teresa de Benguela, que busca ofertar qualificação profissional para mulheres em situação de vulnerabilidade social por meio de 14 cursos de formação inicial e continuada e capacitar, por meio de dois cursos, profissionais para incentivar a criação de rede de parceiros para apoio na inserção da mulher no mundo do trabalho.
O Projeto "Teresa de Benguela - Geração de Renda, Autonomia Social e Inserção Feminina no Mundo do Trabalho" faz parte de um programa maior, idealizado e implantado em 2017 e que possibilitou, apenas naquele ano, o atendimento a 329 mulheres em 12 projetos relacionados. Ao longo desse período 1370 mulheres foram qualificadas por meio de 47 projetos e três ações.
A instituição ofertará 1520 vagas para mulheres e 480 vagas para profissionais que atuam em redes de atendimento à mulher. Os cursos serão ofertados nos campi Bela Vista, Várzea Grande, Juína e Pontes e Lacerda.
O público-alvo são mulheres, maiores de 18 anos, em vulnerabilidade social; preferencialmente inscritas no Cadúnico; chefes de família; em situação de violência doméstica; que tenham como membros do núcleo familiar pessoas idosas ou com deficiência; indígenas; quilombolas; de grupos compostos por povos originários; da agricultura familiar; migrantes; a escolaridade mínima para participação é o Fundamental I incompleto.
Os cursos oferecidos serão: Empreendedorismo, Tecnologia e Valorização do Trabalho Feminino, Produção de Mudas Frutíferas e Ornamentais; Panificação Básica; Confeitaria Básica, Marmita: como produzir e comercializar; fabricação de produtos de beleza; Manicure e Pedicure; Pintura básica e acabamentos; Microempreendedor individual; Produção de Hortaliças em ambiente protegido para mulheres da Agricultura Familiar; A mulher Rikbaktsa na coleta de sementes e produção de mudas; Corte e costura.
A iniciativa busca gerar produtos, negócios e empreendimentos liderados por mulheres; contribuir na promoção da autonomia econômica e financeira de mulheres em vulnerabilidade social; promover a igualdade de gênero, considerando a dimensão étnicoracial, além de contribuir na promoção do empoderamento feminino e combate à violência contra a mulher.
Atualmente, cinco projetos estão em execução pelo programa, aprovados via chamada interna, ofertando 150 vagas de capacitação para mulheres nos municípios de Poxoréo, Cuiabá, Barra do Garças, Sinop e Pontes e Lacerda.
O reitor Julio César dos Santos explica que através da parceria firmada com o Ministério da Mulher (MM), a instituição espera "ampliar o alcance da Política institucional voltada ao desenvolvimento econômico e a responsabilidade social através da oferta de vagas para o público feminino em vulnerabilidade social", em consonância ao Projeto Piloto Qualifica Mulher, cuja finalidade é estimular ações que promovam a autonomia econômica da mulher em contribuição para o desenvolvimento econômico e social.
Retrato feminino
Segundo pesquisa do IBGE (2022), mulheres perderam mais postos de trabalho do que os homens em 2020, ano em que a pandemia de Covid-19 começou. Enquanto o número de homens ocupados assalariados caiu 0,9% em 2020, a queda entre as trabalhadoras foi de 2,9%. Dos 825,3 mil postos de trabalho perdidos no período, 593,6 mil (ou 71,9%) eram ocupados por mulheres.
Em contrapartida, a pesquisa também demonstrou que o crescimento de negócios formais, sem funcionários, cresceu 8,6% no mesmo período. O que demonstra o movimento das mulheres na tentativa de gerar renda frente à situação de desemprego.
Situação que ressalta a necessidade da promoção de qualificação das mulheres para a autonomia econômica e financeira. Além do impacto nos postos de trabalho, outro fator que afetou a qualidade de vida da população feminina foi a o aumento da violência doméstica.
Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública demonstram que no estado de Mato Grosso os feminicídios quintuplicaram, subindo de duas ocorrências para dez, entre março de 2019 a março de 2020. Neste cenário intensificaram-se as solicitações da comunidade para atendimento de demandas específicas, seja dos centros de assistência social do poder público, quanto da sociedade civil organizada.
“Dessa forma, através do Projeto Teresa de Benguela, o IFMT propõe alternativas para o combate a estes problemas econômicos e sociais, através da promoção da autonomia social e econômica: gerando renda e valorizando o trabalho feminino. Pois, além da qualificação profissional, esperamos alcançar resultados relacionados à produção de conhecimento nas áreas dos cursos ofertados e incentivar nas mulheres atendidas o desejo de retomar os estudos e buscar ir além da formação básica oferecida”, assegura o reitor.
“Para o desenvolvimento do trabalho, serão envolvidas, direta e indiretamente, instituições públicas e privadas, visando a empregabilidade responsável, alternativas de crédito para iniciativas empreendedoras e o fortalecimento dos fatores de proteção social,” completa o dirigente.
Teresa de Benguela
Foi uma mulher negra que liderou o Quilombo Quariterê, também conhecido como Quilombo do Piolho localizado às margens do rio Guaporé, na atual cidade de Vila Bela da Santíssima Trindade, no estado de Mato Grosso. Sob a sua liderança, a comunidade negra e indígena resistiu à escravidão por duas décadas.
Em homenagem à Teresa de Benguela, 25 de julho é, oficialmente, o Dia Nacional de Teresa de Benguela e da Mulher Negra. A data comemorativa foi instituída pela Lei n° 12.987/2014. Também em sua memória o IFMT batizou, com seu nome, o seu programa de extensão que visa capacitar e oferecer autonomia social e econômica para as mulheres.
Teresa é uma mulher matogrossense, símbolo de luta e resistência e as habitantes do município de Vila Bela da Santíssima Trindade, sua cidade natal, estão entre o público a ser atendido pelo projeto.
